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segunda-feira, 26 de julho de 2021

 

LARGO, RASO, PROFUNDO

 

Gosto bastante da música Gita de Raul Seixas. Ela sempre provoca em mim diferentes reflexões. Me identifico bastante com um dos versos: “sou largo, raso, profundo”. Exatamente como me sinto algumas vezes. Mas percebam que nesse verso, há um paradoxo: como alguém pode ser raso e profundo ao mesmo tempo? Então, fiquei matutando sobre o que exatamente quer dizer "largo, raso, profundo"?

Talvez queira dizer as dimensões de sentimentos e seus momentos. Algumas vezes são largos, de grande extensão, um grande sertão, um grande mar, uma grande geleira...que sentimentos poderiam ser tão grandes que pudessem ser classificados como "largos"? O amor? O ódio? Os dois? Algum mais? Todos mais?

Mas os sentimentos também podem ser rasos. Esse não é, com certeza, o caso do amor. O amor nunca é raso. Nem do ódio. Mas bem que poderia ser o caso do preconceito! Poderia ser o caso da angústia, da mágoa, da tristeza. Enfim, que seja. Esses sentimentos deveriam sempre ter o caráter de rasos! Raso é aquele lugar de água em que "dá pé", ou seja, que podemos tocar o fundo e deixar a cabeça para fora d'água. Podemos sair dele fácil, podemos voltar a ele fácil. Mas eles nos parecem mesmo profundos! Temos a sensação de que não conseguiremos sair deles. O tempo passa devagar. Parece uma eternidade. No entanto, devemos lembrar que eles são rasos sim! Sairemos deles, com certeza. As coisas passam! Tudo tem seu tempo (já dizia Salomão no seu livro Eclesiastes). Nosso desespero é que nos faz pensar que estamos afundando, que não vai dar pé. De fato, esse é o caso do preconceito, da angústia, da mágoa e da tristeza e outros sentimentos negativos. Apesar de, quando estamos neles termos a sensação de que não sairemos fácil, eles são rasos, altamente passageiros. São apenas nossas percepções que fazem com que eles pareçam...profundos! O preconceito é um caso a parte. Ele é raso porque não tem fundamento, não tem lógica imaginar que uns são superiores a outros, mas ele é largo!! Ele é abrangente (infelizmente). Ele é fértil, promíscuo, raso e largo!

Mas quais são, então, os sentimentos profundos? Bem, ele não é plural. É um só: o amor! O amor é profundo, não "dá pé", mas incrivelmente é muito prazeroso sentir que o amor nos cobre e mesmo assim continuamos a... respirar! O amor pode tudo! E quem pode defini-lo? Camões já tentou, Vinícius de Moraes também (várias vezes) e outros tantos poetas que tentaram em vão colocar em palavras o que não pode ser codificado, porque é profundo. Nós somos feitos do amor. Nos perdemos dele pela vida, com certeza, mas ele, o amor, é nossa essência esquecida, profunda, pura. 

Não sou nem um pouco boba para tentar falar do amor aqui. Deixo para os especialistas, os poetas. (Mas duvido que consigam). Porém, o amor é algo inerente no ser humano, porque Deus nos criou Dele e para Ele, o Amor! Então, seja em discussões, debates, papos científicos, papos políticos ou de futebol, que sejam expostos com amor. O amor apaixonado, o amor vibrante, o amor que perdoa, pondera, anima, exorta, que "tudo sofre, tudo crê" (1 Coríntios capítulo 13). Esse amor, profundo, largo e nem um pouco raso é o que os gregos chamam de ágape. O amor Divino e inexplicável. 

A profundidade de cada ser está em sua essência de amor. Então, eu sou (somos, pode ser?), de fato larga porque sou uma imensidão como todos os seres humanos, mas também rasa, porque deixo que o mundo me torne muitas vezes superficial, e enfim, profunda porque minha essência é o amor que eu muitas vezes não entendo ou não ponho em ação mas que está lá. Vivamos com esse amor total que está dentro de nós e o mundo será transformado enfim.

O que vai nos salvar de tudo, não é a vacina, não são os remédios, e tampouco um grande herói político ou social, mas o Amor (agora com letra maiúscula porque Deus é Amor e o Amor é Deus). Vamos exercer o amor. Vamos amar como se não houvesse amanhã!