A IGREJA PRIMITIVA
A imagem que vocês estão vendo acima é a capa de um livro que estou lendo. A história é contada por Eusébio, chamado e conhecido como Eusébio de Cesareia, bispo de Cesareia. Eusébio tem o epíteto de "pai da história da Igreja", e de fato era um historiador brilhante dessa época. Seus escritos são de suma importância para o conhecimento do cristianismo primitivo. Ele é considerado o primeiro historiador do cristianismo. Eusébio viveu de 265 à 339 d.C, no momento em que os acontecimentos ligados a Jesus Cristo estavam bem "fresquinhos", por assim dizer.
É um livro muito interessante. Vale a pena ler. Mas dois pontos abordados me chamaram muito a atenção. Um pela velocidade dos acontecimentos e outro pela violência dos acontecimentos.
O primeiro, a velocidade dos acontecimentos, diz respeito a como todos os ensinamentos de Jesus Cristo, tão recentes e tão marcados na memória do povo, começaram a ser meio que distorcidos no decorrer do tempo. Pedro, o apóstolo, foi colocado pelo próprio Jesus como um chefe de Sua Igreja, um líder. Mas após a morte de Pedro, outros o foram sucedendo numa espécie de dinastia. E cada "rei", líder ou (como diz o João do Apocalipse) "anjo" da igreja, instalava ali sua doutrina. Eusébio vem de um tempo bem posterior ao dos apóstolos, mas conheceu pessoas que conheceram os apóstolos (alguns deles). Por isso, Eusébio relata os sucessores de Pedro e, em suas histórias, avalia seu "bispado" como bom ou ruim. Ele tem um olhar bem crítico das suas gestões.
O segundo ponto de atenção diz respeito a violência dos acontecimentos. e nesse ponto, sabemos bem que os cristãos foram perseguidos e mortos. Alguns torturados e martirizados. Eusébio conta algumas dessas mortes com detalhes perturbadores. Temos que literalmente "ter estômago" para não passar mal com os detalhes. Sabemos que esses martírios eram terríveis, mas, creiam, vocês nem imaginam o quanto até lerem a História Eclesiástica de Eusébio.
E o que isso tudo me faz refletir ou me acrescenta como cristã?
Simples. Estamos vivendo uma época maravilhosa do cristianismo. As perseguições que sofremos não chegam nem aos pés do que as que sofreram "nossos pais". Somos privilegiados pelo tempo e pela história que comprova que nossa fé é uma fé racional (Rm 12; 1 Pe 3.15), não se trata de fantasias ou histórias da Carochinha, mas de história literal, real.
Mas minha reflexão preocupada está direcionada para o fato de como a igreja acaba se moldando aos tempos modernos (como se moldou aos "tempos modernos" daquele tempo de Eusébio) de forma tão rápida. O mundo tem entrado na igreja com força, quando na verdade é a igreja que deveria ir ao mundo resgatar almas perdidas. Nesse ponto, atualmente nossas igrejas têm se desviado de forma mais contundente e enfática do que foi com a igreja primitiva.
Claro que nem todas estão no mundo, mas as que estão, que cristãos têm formado? Verdadeiros? Que adoram o Senhor em espírito e em verdade (Jo 4.23)? Que não negam sua fé mesmo diante de perseguições e risco de vida?
Jesus morreu por nós. Será que temos coragem de morrer por Ele? Ou faremos como Pedro e os outros apóstolos: fugiremos, negaremos?
A igreja atual precisa formar cristãos fortes e adoradores e não simpatizantes. Precisa discipular seus membros para serem fortes e corajosos (Js 1) em Cristo Jesus. Naquele tempo de Eusébio, havia perseguições terríveis. Hoje também há, mas bem menos terríveis do que naquela época, mas virão tempos que isso vai ficar mais severo e sério. Estamos preparados? Ou seremos Pedro?